Síndrome de burnout

Uma pesquisa da Universidade de Brasília revela que 15 em cada 100 professores sofrem de uma doença chamada síndrome de burnout. O problema, que muita gente desconhece, provoca cansaço, esgotamento e falta de motivação.

Foram seis anos de sofrimento; os médicos não descobriam os motivos do cansaço e da irritação da professora Marisa Cordeiro. Até que um psiquiatra deu o diagnóstico: síndrome de burn out.

O problema afeta especialmente profissionais que no dia-a-dia cuidam de outras pessoas, como professores e médicos. “Dá uma sensação de inutilidade, mesmo que você se empenhe ao máximo”, define Marisa. Ela conta que o relacionamento com colegas e alunos mudou completamente: “As pessoas vão se afastando porque você está sempre estressado e irritado”.

Uma pesquisa da Universidade de Brasília feita na região Centro-Oeste constatou que cerca de 15% dos professores da rede pública da Educação Básica têm a síndrome. Mais de oito mil professores participaram, e foram identificados os três sintomas:

- a baixa realização profissional foi citada 31,2% dos entrevistados;
- quase 30% apresentaram um elevado grau de esgotamento emocional;
-14% revelaram alto nível do que os psicólogos chamam de “despersonalização”; no caso, é o distanciamento dos alunos.

Tudo isso tem efeitos diretos na sala de aula: o professor passa a ver os estudantes apenas de forma negativa e não se importa mais em entendê-los. As conseqüências são piores no Ensino Fundamental, quando o aprendizado dos alunos depende mais do professor.

“É como se o professor desistisse. Ele diz: ‘Olha, eu não dou mais conta, não contem com o meu envolvimento emocional’”, explica Nádia Leite, pesquisadora da UnB.

Leite acredita que esse quadro se repita em todo o país e diz que, além de acompanhamento médico, esses professores precisam muito da ajuda da escola e, principalmente, da atenção dos alunos. “O professor é extremamente sensível à retribuição do aluno, qualquer pequena retribuição pode ser um elemento de salvação”.