“Segunda-feira dia 07/02, volta às aulas, do nosso ano letivo 2011.”

terça-feira, 29 de abril de 2008

Reflexão sobre os textos dos alunos do 3º ano EF

No dia 17/04 levamos os alunos do 1º ciclo do EF ao Teatro Trianon para uma apresentação do Grupo Faz de Conta - Eram três contadoras de histórias que divertiram muito os alunos. Quando retornamos propus que escrevessem uma história. Todos os alunos eram do 3º ano, mas as idades variavam de 08 a 17 anos. Eles estão divididos pela faixa etária em duas turmas, mas neste dia ficaram todos comigo numa mesma sala. Inicialmente alguns alunos relutaram muito, diziam que não sabiam escrever, outros reclamaram e começaram a escrever algumas frases para me satisfazer. Dois alunos se desligaram, ficaram pensativos, começaram a escrever e trouxeram suas histórias prontas. Vou postar a escrita deles corrigida, mas os textos originais poderão ser observados nas duas imagens abaixo:

A Corrida do Tom e Jerry
Autor Nick


Tom e Jerry moravam em uma linda casinha.
Um dia começaram uma briga e destruíram a casa toda.
Sem ter onde morar eles tiveram que participar de uma corrida de carros que daria uma mansão de prêmio.
Quem ganhou a corrida foi Jerry porque o carro dele era mais rápido.


Vou ser Piloto
Autor Caio

Era uma vez dois pilotos de carros que corriam muito. Eles eram campeões profissionais. Um dia, numa corrida, um carro bateu no outro e foi parar na oficina. Ainda bem que esses carros não eram dos pilotos famosos. O piloto que ganhou a corrida neste dia foi o Schumacher ele usa uma roupa maneira e sempre ganha as corridas.
Quando eu crescer eu quero ter um carro, mas não vou correr para não atropelar ninguém. Vou respeitar o sinal e os guardas de trânsito.


Percebi uma grande deficiência na escrita dos alunos dessas duas turmas. Disse para eles: podem escrever do jeito de vocês que a tia entende. Algumas escritas eu realmente consegui decifrar, outras infelizmente não.
A produção de texto, ou uma história, para a maioria deles, se resume em três ou quatro frases soltas. Alguns estão habituados com a cópia do quadro. Copiam algo que pra eles não tem o menor significado. Não sabem ler, não sabem escrever, mas sabem copiar muito bem com letras lindas. Esses, quando eu pedi para escreverem um texto, foram categóricos, "não sei escrever posso desenhar?" Olhei seus cadernos cheios de matéria e pensei o que posso fazer por esses alunos? O que a escola enquanto instituição tem feito? Não podemos negar que as dificuldades deles são reais, mas até quando vamos nos desculpar e transferir para eles a responsabilidade de um fracasso que também é nosso? Um deles, querendo me impressionar e desejando escrever o texto que eu havia pedido, fez o que sabia, o que ele já tinha aprendido. Pegou uma cartilha, abriu uma página colocou a folha em cima e decalcou o desenho e o que estava escrito - ele fez o melhor que podia naquele momento. Para eles e suas famílias, o caderno cheiode coisas escritas é sinal de que a escola está fazendo a sua parte e que o aluno é o único culpado por não aprender.
"PROFESSOR CHEGOU A HORA DE AVALIAR A ALFABETIZAÇÃO DOS SEUS ALUNOS" Esta é a chamada da PROVINHA BRASIL. Está na hora de parar e pensar na escola que temos. Se alguns professores, setores ou segmentos da escola estão comprometidos com uma educação de qualidade mas, se muitos dos nossos alunos do 1º ciclo não estão conseguindo ser alfabetizados em três anos, o fracasso desses alunos reflete a nossa incapacidade enquanto instituição responsável pela aprendizagem. O desempenho dos alunos, quer seja satisfatório, excelente ou abaixo da média, é problema meu, é problema seu, é problema nosso. O que estamos esperando?
Irecy Damasceno - Coordenadora Pedagógica

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